Clique na imagem para ampliar.
Dentre todas as obras sacras que temos no tesouro da Igreja, há uma Obra de Arte em especial que merece muito mais atenção de nossa parte, até mesmo porque Deus optou por enviá-la a nós diretamente através das mãos de Maria Santíssima. Trata-se da imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, impressa de maneira inexplicável no manto do índio mexicano Juan Diego em 12 de dezembro de 1531.

A história sem precedentes do jovem que, a mando de Nossa Senhora, coletou flores primaveris em época de inverno e as recolheu em seu manto para levar ao bispo como prova de que estava tendo visões de uma “Bela Mulher” em cima da montanha e da miraculosa imagem que foi surgindo estampada em seu manto à medida que as flores iam sendo retiradas diante de tantas testemunhas, tem maravilhado milhares de pessoas por todos os cantos do mundo, especialmente em nosso continente, onde a reconhecemos como Padroeira das Américas.

Entretanto, o que nem todos sabem é que o milagre daquela Obra de Arte de autoria divina não está somente no aparecimento da imagem e nem tampouco nas características físicas do manto ou dos pigmentos ali utilizados, os quais nunca puderam ser reproduzidos por mãos humanas.

De fato, esses dois aspectos extraordinários já tinham sido abordados desde o século XVIII por especialistas de diversas áreas. Um manto comum, feito com aquele material grosseiro, dificilmente dura mais de duas décadas, e o de Juan Diego já tem 482 anos! Isso é ainda mais surpreendente se lembrarmos que durante muito tempo ele esteve sujeito a inúmeros rigores de conservação, tanto por causa das condições climáticas a que esteve submetido, quanto por ter sido de fácil acesso ao povo em procissões e novenas durante séculos. Já em relação às tintas, sobressaem-se fatos surpreendentes, como a inalcançável transparência do dourado ou mesmo sua fenomenal resistência, inclusive ao ácido nítrico, que foi derramado acidentalmente uma vez sobre a estampa.

Durante todos esses séculos de devoção a Maria Santíssima através desta Obra de Arte, por várias vezes a Igreja convidou dezenas de cientistas de renome internacional para realizar diversos tipos de testes com a imagem estampada no manto de Juan Diego, que atualmente se encontra exposto na Basílica de Guadalupe, na cidade do México.  Os resultados são surpreendentes.

Alguns desses sinais já se haviam revelado há muito tempo, como, por exemplo, toda uma relação simbólica entre elementos característicos da cultura nahualt (a etnia de Juan Diego)  e vários pontos da Doutrina Católica a respeito de Maria.

Assim, a Jovem da imagem aparenta ter idade não superior a 19 anos e, muito embora esteja com os cabelos soltos, símbolo da virgindade entre os povos andinos, traz o ventre cingido com uma faixa marrom, que naquela mesma cultura serve para identificar uma mulher grávida. As estrelas espalhadas pelo manto azul de Nossa Senhora mostram com espantosa exatidão todas as constelações visíveis no céu mexicano por ocasião do solstício de inverno de 1531  – exatamente 12 de dezembro daquele ano – e seu posicionamento também revela, de maneira simbólica, diversos atributos de Maria na História da Salvação, como por exemplo, a representação da Constelação da Coroa Boreal, que se encontra sobre a cabeça da Virgem, interpretada como uma referência à Coroação de Nossa Senhora como Rainha do Universo.

Posteriormente pintores e arquitetos de todos os cantos do mundo também ficaram admirados quando foi constatado que a imagem do manto tinha sido toda concebida dentro dos padrões do “número de ouro”, também conhecido como “a proporção divina” ou “número de Deus”, razão matemática que marca todo o sentido de proporcionalidade da Criação, e que, tendo sido descoberta há milênios, vem sendo utilizada por artistas de todas as épocas para reger desde os mais diversos desenhos e pinturas até as plantas das gigantescas catedrais góticas do início do segundo milênio.

Estes e muitos outros sinais visíveis impressos naquela estampa foram sendo descobertos, estudados e confirmados ao longo desses quatrocentos anos de existência da estampa da Virgem de Guadalupe.

Entretanto, uma nova e arrebatadora surpresa teve de esperar todo esse tempo para ser descoberta. Com o auxílio de recursos tecnológicos só disponíveis a partir do século XX, a ciência se deparou com um achado tão formidável quanto desafiador.

Ainda no ano de 1929, o fotógrafo mexicano Alfonso Marené Gonzáles, enquanto realizava o exame de uns negativos fotográficos, descobriu uma figura humana refletida nos olhos da imagem da Virgem. Naquele tempo as autoridades eclesiásticas pediram-lhe prudentemente que não publicasse suas observações até obter uma comprovação científica.

Cinquenta anos depois, o Dr. J. A. Tonsmann, da Universidade de Cornell (EUA), foi convocado para realizar uma pesquisa definitiva sobre o assunto. Utilizando os mais sofisticados sistemas de digitalização por computador, ele ampliou as fotografias dos olhos da imagem a diversos tamanhos, dividindo cada milímetro quadrado entre 1.600 até 27.778 micro-quadrados, e depois ampliando cada micro-quadrado entre 30 e 2.000 vezes. O cientista acabou por descobrir não apenas uma, mas várias outras figuras coloridas e ricas em detalhes em ambos os olhos da imagem e, segundo as constatações de pesquisadores em oftalmologia, com dimensões que reproduzem exatamente a mesma perspectiva refletiva tríplice formada na produção de uma imagem no interior do olho humano. São elas:
  • Um índio no ato de desdobrar seu poncho perante um franciscano  (o índio Juan Diego);
  • O próprio franciscano, em cujo rosto pode-se ver uma lágrima (o bispo D. Juan de Zamárraga);
  • Um homem branco, com a boca aberta, uma mão sobre a barba e outra sobre a espada;
  • Um outro índio sentado sobre as pernas dobradas, no qual se pode ver detalhes como o brilho de seu brinco;
  • Uma mulher de cabelo crespo, provavelmente negra, serviçal do bispo;
  • Um homem, uma mulher e algumas crianças;
  • Outro religioso com hábito franciscano (o intérprete do bispo, Frei J. González).

Ampliando, por fim, o olho da figura de Juan Diego, o Dr. Tonsmann encontrou exatamente as mesmas imagens, novamente coloridas e tridimensionais, representando a mesma cena, mas agora vista de outro ângulo.

A assombrosa descoberta se mostrou ainda mais desconcertante quando historiadores comprovaram documentalmente que esta cena estampada de forma miraculosa nos olhos de Nossa Senhora corresponde fielmente a todos os detalhes do relato do episódio de Juan Diego na sala do bispo, feito na primeira metade do século XVI por uma das pessoas que estava ali no momento, e posteriormente editado em espanhol por Lasso de La Vega, no ano de 1649.

Esse é literalmente um milagre de Deus perante os nossos olhos… a perfeição de um Deus Artista que teve a delicadeza de deixar, há quase quinhentos anos atrás, uma mensagem que Ele mesmo sabia que o Homem só conseguiria decifrar com a tecnologia disponível a partir do século XX.

Fonte: Trecho do livro “Arte e Poder na Casa de Deus” de João Valter Ferreira Filho