Escreve Jerônimo: “Errou Vigilâncio quando escreveu que enquanto na terra vivemos, podemos orar muito uns pelos outros. Após a morte, porém, não será ouvida a oração pelos outros de ninguém, como não foram, sobretudo as dos mártires, que pediam a vingança do seu sangue”. Mas isso é falso. Quanto mais perfeitos em caridade são os santos nos céus, tanto mais oram pelos que estão na terra que podem ser auxiliados pela oração. Ademais, quanto mais estão unidos a Deus, tanto mais serão as suas orações atendidas. A ordenação divina está determinada de modo que a perfeição dos superiores redunde nos inferiores, como a luz do sol ilumina o ar. Por isso, se diz de Cristo: “Subiu por si mesmo para Deus para interpelar por nós” (Hb 7, 25). E assim corrige Jerônimo o texto de Vigilâncio: “Se os apóstolos e os mártires, ainda no corpo, podiam orar pelos outros, quando ainda deviam preocupar-se por eles mesmos, quanto mais o poderão após coroados, vitoriosos e triunfantes!”.

Fonte: Suma Teológica II-II, 83, 11