Os irmãos SEBASTIÃO DE MEDEIROS MATOS e RODRIGO DE MEDEIROS ROCHA chegaram ao Brasil (no sertão nordestino, no Seridó) por volta de 1739. Continuam não esclarecidos os verdadeiros motivos que determinaram a fuga dos dois irmãos MEDEIROS para o sertão nordestino, entre os quais, talvez se encontre a ação da Inquisição.

SEBASTIÃO DE MEDEIROS MATOS (meu pentavô materno) nasceu no dia 19 de janeiro de 1716, na Ilha de São Miguel, no arquipélago dos Açores (Portugal), migrou para o Brasil na primeira metade do século XVIII, estabelecendo-se, inicialmente, em Santa Luzia, na Ribeira do Sabugi, na Paraíba, juntamente com seu irmão e companheiro de migração Rodrigo de Medeiros Rocha.

Segundo tradição de família, os irmãos MEDEIROS (Rodrigo e Sebastião) procuraram, de início, ajuda junto a parentes seus em Pernambuco. Temerosos, os mesmos os encaminharam ao interior da capitania da Paraíba do Norte, onde os dois irmãos ficaram escondidos na fazenda denominada Preás, nas serras de Parelhas, em atual território do Rio Grande do Norte.

Eles eram filhos de Manuel Afonso de Matos, Alferes, e Maria de Medeiros Pimentel, os quais haviam casado nos Açores (Portugal), a 17 de junho de 1693.

Os irmãos MEDEIROS, ao tempo que estiveram morando nos Preás, dedicaram-se a trabalhos de natureza jurídica, cuidando de questões de terras, por serem pessoas letradas. Certo dia, chegou-lhe um convite formulado pelo capitão-mor GERALDO FERREIRA DAS NEVES SOBRINHO, desejoso que os dois irmãos comparecessem à Fazenda Picotes, em Santa Luzia, a fim de tratarem de uma questão de terras, em que se achava envolvida aquela autoridade. Comparecendo aos Picotes, foram os dois irmãos informados que teriam de viajar à Ribeira do Piancó, região essa que se encontrava sem segurança para os viajantes, em virtude de ali ter surgido levantes dos indígenas. Os irmãos MEDEIROS recusaram a incumbência, o que gerou a ira do Capitão-mor. Este deu-lhes conhecimento de que havia chegado um mandado judicial, pedindo providência para prender dois fugitivos da Justiça, cuja descrição coincidia com as pessoas dos irmãos RODRIGO e SEBASTIÃO MEDEIROS. Os dois irmãos ficaram na seguinte situação: ou viajariam ao Piancó ou seriam entregues à Justiça pelo Capitão-mor. Mas, finalmente, o Capitão-mor propôs uma terceira opção: os dois irmãos casariam com duas irmãs, ambas sobrinhas do capitão-mor.

Assim, SEBASTIÃO casou com ANTÔNIA e RODRIGO casou com APOLÔNIA. Antônia e Apolônia eram sobrinhas do Capitão-mor GERALDO FERREIRA DAS NEVES SOBRINHO. 

Todos os estudiosos da história e da genealogia do Sabugi e do Seridó são unânimes em afirmar que daqueles dois casais - Sebastião de Medeiros Matos e Antônia de Morais Valcácer, Rodrigo de Medeiros Rocha e Apolônia Barbosa de Araújo - descendem todos os que portam o sobrenome Medeiros, originados do sertão do Rio Grande do Norte e da Paraíba.

ANTÔNIA DE MORAES VALCÁCER, casada com SEBASTIÃO DE MEDEIROS MATOS (natural da Ilha de São Miguel, nos Açores, em Portugal), deram origem à família MEDEIROS, da Fazenda Cacimba da Velha, em Santa Luzia/PB.

Posteriormente, o Alferes, depois Tenente e, finalmente, Capitão Sebastião de Medeiros Matos e sua mulher, Antônia de Morais Valcácer, passaram para o Seridó, região vizinha do Sabugi, onde até hoje proliferam seus descendentes.

O casal SEBASTIÃO DE MEDEIROS MATOS e ANTÔNIA DE MORAES VALCÁCER tiveram 10 filhos. Um deles se chamava João Chrisóstomo de Medeiros  (1766-1812).

João Chrisóstomo de Medeiros casou com Francisca Xavier Dantas e tiveram 13 filhos. Um deles se chamava Manoel de Medeiros Dantas (1798–1889).

Manoel de Medeiros Dantas casou com Maria José de Medeiros Dantas e tiveram 10 filhos. Um deles se chamava Joaquim Paulino Dantas de Medeiros (- 1879).

Joaquim Paulino Dantas de Medeiros casou com Isabel Maria de Jesus e tiveram 3 filhos. Um deles se chamava Horácio Quirino de Medeiros (1879–1935).

Horácio Quirino de Medeiros casou com Sebastiana Elvira da Silva (1885–1989) e tiveram 5 filhos, sendo 4 homens e uma mulher. A filha do casal se chamava Maria Marta de Medeiros (1921–2007).

Maria Marta de Medeiros casou com Joaquim Cornélio de Goes (1916–2004) e tiveram 12 filhos. Um deles, o mais novo, se chama Hugo Medeiros de Goes.

Hugo Medeiros de Goes nasceu no Sítio Todos os Santos, no Município de Cruzeta-RN.

Ancestralidade judaica dos Medeiros do Seridó

Consegui localizar um documento que prova a ancestralidade judaica dos Medeiros do Seridó. O documento é acessível através do site da Torre do Tombo.


Trata-se de processo por crime de Judaísmo de ÁGUEDA MONIZ (Tribunal do Santo Ofício, Inquisição de Lisboa, proc. 6750, Data da prisão: 02/06/1593)

ÁGUEDA MONIZ era filha de Elvira Marques e sobrinha de BEATRIZ MARQUES.

BEATRIZ MARQUES (cristã-nova) era tetravó de SEBASTIÃO DE MEDEIROS MATOS e de RODIRGO DE MEDEIROS ROCHA, patriarcas dos MEDEIROS do Seridó.

Sentença de ÁGUEDA MONIZ: auto-da-fé de 23/02/1597. Ir ao auto-da-fé com vela acesa na mão, abjuração de leve, penitências espirituais, pagamento de custas.

Segue a linha ascendente dos irmãos RODRIGO e SEBASTIÃO até BEATRIZ MARQUES:

Marcos Afonso e Inês de Xerez, naturais da Espanha (Cristãos-Novos)
Beatriz Marques (cristã-nova, irmã de Elvira Marques e tia materna de Águeda Moniz) casada com Manoel Rodrigues Furtado
Pe. Manoel Rodrigues Furtado
Beatriz Furtado, nascida em 1587
Maria de Medeiros, nascida em 1627
Maria de Medeiros Rocha, nascida em 1653
Maria de Medeiros Pimentel, nascida em 1675
SEBASTIÃO DE MEDEIROS MATOS, nascido em 1716, e Rodrigo de Medeiros Rocha, nascido em 1709


P.S.: Cristão-novo era a designação dada em Portugal aos judeus convertidos ao cristianismo e seus descendentes, em contraposição aos cristãos-velhos. A expressão foi difundida após a conversão forçada de judeus feita em 1497 pelo rei de Portugal, anos antes da instauração do Tribunal da Inquisição.