410. Depois da queda, o homem não foi abandonado por Deus. Pelo contrário, Deus chamou-o (Gn 3, 9) e anunciou-lhe, de modo misterioso, que venceria o mal e se levantaria da queda (Gn 3, 15). Esta passagem do Gênesis tem sido chamada "Proto-Evangelho" por ser o primeiro anúncio do Messias redentor, do combate entre a Serpente e a Mulher, e da vitória final dum descendente desta.

411. A Tradição cristã vê nesta passagem um anúncio do "novo Adão" (1 Cor 15, 21-22.45) que, pela sua "obediência até à morte de cruz" (Fl 2, 8), repara super‑abundantemente a desobediência de Adão (Rm 5, 19-20). Por outro lado, muitos santos Padres e Doutores da Igreja vêem na mulher, anunciada no proto-Evangelho, a Mãe de Cristo, Maria, como "nova Eva". Ela foi a primeira a beneficiar, dum modo único, da vitória sobre o pecado alcançada por Cristo: foi preservada de toda a mancha do pecado original e, durante toda a sua vida terrena, por uma graça especial de Deus, não cometeu qualquer espécie de pecado.

412. Mas porque é que Deus não impediu o primeiro homem de pecar? São Leão Magno responde: "A graça inefável de Cristo deu-nos bens superiores aos que a inveja do demônio nos tinha tirado". E São Tomás de Aquino: "Nada se opõe a que a natureza humana tenha sido destinada a um fim mais alto depois do pecado. Efetivamente, Deus permite que os males aconteçam para deles tirar um bem maior. Daí a palavra de São Paulo: "onde abundou o pecado, superabundou a graça" (Rm 5, 20). Por isso, na bênção do círio pascal canta-se: "Ó feliz culpa, que mereceu tal e tão grande Redentor!".

Fonte: CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA