Agostinho afirma: “Não se podem congregar sob nenhuma denominação religiosa, falsa ou verdadeira, se não se unem pela participação em manifestações ou sacramentos visíveis”. Ora, é necessário à salvação que os homens se reúnam sob a égide da verdadeira religião. Logo, os sacramentos são necessários à salvação humana.

Os sacramentos são necessários à salvação humana por três razões. A primeira provém da condição da natureza humana. É-lhe próprio proceder do corporal e sensível ao espiritual e inteligível. Ora, cabe à divina providência prover a cada um segundo sua condição e modo próprios. A sabedoria divina age, pois, harmoniosamente quando atribui ao homem os auxílios necessários à salvação sob os sinais corporais e sensíveis que se chamam sacramentos.

A segunda razão é tomada do estado em que de fato se encontra o homem: tendo pecado, submeteu-se às realidades corporais, pondo nelas seu afeto. Ora, aplica-se o remédio no lugar onde se sofre a doença. Era, pois, conveniente que Deus se servisse de sinais corporais para administrar ao homem um remédio espiritual que, proposto de maneira puramente espiritual, seria inacessível a seu espírito, entregue às realidades corporais.

A terceira razão se propõe, tendo em vista que a ação humana se desenvolve predominantemente no âmbito da realidade corporal. Seria demasiado duro para o homem renunciar totalmente às ocupações corporais. Por isso, nos sacramentos foram-lhe propostos atividades corporais que o habituam salutarmente a evitar que se entregue a atividades supersticiosas – o culto aos demônios -, ou a qualquer ação nociva como são os atos pecaminosos.

Assim, pois, pela instituição dos sacramentos o homem é instruído mediante o sensível, de modo adaptado a sua natureza; humilha-se recorrendo às realidades corporais, às quais se reconhece assim submetido; enfim, é preservado de danos corporais pela atividade salutar que são os sacramentos.

Fonte: Suma Teológica III, q.61, a.1